sexta-feira, 31 de julho de 2009

Giranuvem

Os girassóis adquirem sempre
A cor de seu norte
Os azuis, marítimos oblíquos,
Incertos, apanham as carpideiras e os
Entregam aos namorados
Que os envergam na lapela

Do vermelho faz-se uísque
Ou fermentado qualquer
Não me admira que andem por aí
Trôpegos, caindo pelas ruas
Isso quando não dão para o jogo

Os amarelos quando não servem de
Lampião ou querosene
Iluminam o caminho de uma lamparina
Maior que flutua pouco acima

Sem mencionar os verdes
Que se camuflam disfarçados
de trevos, pois são vegetarianos
Pacifistas e vendem colares e pulseiras

O girassol de treze pétalas
Nasce invariavelmente rosado,
Sedento por leite
Se algum dia cresce, fica escuro,
Malhado ou com pintas
E tenta ganhar a vida como
Malabarista no semáforo

Plenilúnio

São duas e quinze da manhã enquanto
Como uma goiaba, tresvario
Tresandando tremulo
Três vezes tergiverso

Alço meu cinzel, que recrudesce contra
A expressão lapidar, de plástico
Que encontrei por acaso
Como as árvores e a rua

Servil e dúctil, a domicílio diriam
Os mais argutos
Se na mão juntassem o que sobrou
Dela após sua não intencional
Aproximação vertiginosa do solo.

sexta-feira, 3 de julho de 2009

Esgar de veludo

Ergam-se as taças
Lance-se num átimo fremente
Seu conteúdo aos rostos

A impassibilidade a afogar-se
Em fluído glacial
Substituindo o sangue por álcool
Imprime um rictus às comissuras
Guiando ao paroxismo,
À abertura,
Ao asilo

Tropeçar numa pedra
Ao cair numa poça
Nomeando invisíveis conluios
Em todas as declinações