quarta-feira, 21 de setembro de 2011

violão contra a parede
recostado como um mendigo sem ser
dizendo que não é
papelãozinho explicativo meio que de museu
sem chapéu à frente
mas quase pedindo

a voz cava de tango retumba num ar de ordem
que a gritaria dos carros perde

não sei, parece de propósito ter
escolhido lugar justo embaixo da placa
que fala dele, que é a de sujeito a guincho
uma nota zunir
abelhuda orelha a dentro
folgar lá dentro
como um mexicano de filme encostada contra o tímpano
e contaminar
e me deixar como o leproso medieval
obrigado a carregar o címbalo
para anunciar presença 
passos trançam em descaso
sinuosos
saem abrem
alas
pra quem passa sem descanso
sim pr'atraso
sorriem de lado
perdem o ônibus