o autorretrato duplo do schiele
com um cabisbaixo olhando a contragosto,
forçado mesmo para o espectador
cujo chapéu é o felizinho que encara
não tem o ar de imprecisão e de liquidez
que os outros quadros dele
sem precisar de ambientação, o
recado ali é meio nítido
são sempre os vesgos, um olho no céu
o outro nas pegadas, e sua atenção errática
seus gestos fragmentários
seu ar de quem sabe que não vai pagar as contas
ali não é a corporalidade, as formas
ele mal usa a via estética pra nos dizer
que as testas franzidas, as duas
a preocupação bifronte com não conseguir guardar silêncio
com ter de significar é inescapável
o espaço em branco é a praga
sendo o inseticida o ruído visual, sonoro, textual
Um texto – James Verini sobre Dugin e Putin (aqui). Uma exposição – Zanele
Muholi, IMS. Um filme – A Real Pain, Jesse Eisenberg. Um filme bom, mas
fácil – ...