a chuva perdeu as horas
outonalmente, como folhas de livro
desgrampeadas pelo caminho
e permeou tubulação - recrudescida
pelo acúmulo de detritos atravancando
infiltrados nas vidas alheias -
subreticiamente lavando
a chuva açoita as costas nuas das casas
arranhões visíveis na pintura, comprovam
que a chuva perder a hora e sedimentar
aluviões de apagamentos nos canos
sob a cidade, contaminando os poços
de amnésia,
depois de perder as horas; anestesiando,
a chuva disseminou uma indolência tardia
ninguém mais trabalhou
no fim da tarde, deitam nas praias do rio
contaminado indolente também
conjecturando o céu e as garças, mais limpos
cuja memória, a chuva erodiu
a chuva cava buracos no chão, lixivia e
nubla um solo do qual passam a brotar
cigarras contagiantes pigarreando a deixar
cabeças preenchidas por
nuvens apenas, orfãs de corpo
Uma performance – Doechii no Tiny Desk Concert (aqui). Um filme simpático –
Daaaaaali!, Quentin Dupieux. Um filme sádico – o primeiro Speak no Evil,
Christ...
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