o banheiro do cinema dá pra augusta
dos mictórios debaixo da janela
o que o sol permite é um retalho
ordenado de caos calmo inundado
de seus olhos e meus olhos, que o pouquinho
de céu entre duas varandas
e uma antena parabólica cegou
o banheiro do cinema tem cortinas
pretas que dão as costas para os azulejos
brancos, banheiro comum, de bar
escondido das pessoas que escondem
pela grafia errada do luminoso toalete
a rua, no que atroa lá embaixo,
dos passos de gente sufocados no barulho
que produzem, sem saber aonde ir
desorientados com o próprio espalhafato
o banheiro dá para a ordem dos labirintos
para ordem dos vasinhos nas janelas
anonimato detalhado de muita gente, convincente
o banheiro do cinema dá pra multidão de personagens
sem rosto ou história, só com a calçada nas mãos fugidia
da uma só tela que é o quadrado da janela na parede.
Uma performance – Doechii no Tiny Desk Concert (aqui). Um filme simpático –
Daaaaaali!, Quentin Dupieux. Um filme sádico – o primeiro Speak no Evil,
Christ...
Um comentário:
Você achou a inspiração em um banheiro na Augusta?
Pelo menos lavou antes de usar, né?
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