o banheiro do cinema dá pra augusta
dos mictórios debaixo da janela
o que o sol permite é um retalho
ordenado de caos calmo inundado
de seus olhos e meus olhos, que o pouquinho
de céu entre duas varandas
e uma antena parabólica cegou
o banheiro do cinema tem cortinas
pretas que dão as costas para os azulejos
brancos, banheiro comum, de bar
escondido das pessoas que escondem
pela grafia errada do luminoso toalete
a rua, no que atroa lá embaixo,
dos passos de gente sufocados no barulho
que produzem, sem saber aonde ir
desorientados com o próprio espalhafato
o banheiro dá para a ordem dos labirintos
para ordem dos vasinhos nas janelas
anonimato detalhado de muita gente, convincente
o banheiro do cinema dá pra multidão de personagens
sem rosto ou história, só com a calçada nas mãos fugidia
da uma só tela que é o quadrado da janela na parede.
Um texto – Joshua Rothman, a IA e a leitura (aqui). Outro – Adriano
Scandolara e a prosa romanesca (aqui). Uma edição – Nossa Vingança é o
Amor, Cristina P...
Um comentário:
Você achou a inspiração em um banheiro na Augusta?
Pelo menos lavou antes de usar, né?
Postar um comentário