as bocas se procuram no escuro de um túnel
incomunicado
as bocas desviam de si e do céu
saída sem contato com a entrada
as bocas de um túnel não encostam
imersas no véu
bre, que palavra nenhuma toca
esperam a língua do trem
as bocas tateiam
recobradas luminárias, a luz no fim
em que começo de beijo e
carícia e conversa reatada
as bocas que um túnel recém dá à luz
e um brisa - como um grito - que atravessa
as bocas-de-lobo do esgoto
e uma brisa - como um susto que atravessa - como um rosto -
(ruído ao fundo de trem de carga passando ao largo
ruído mal formado de voz descarrilando)
espelho paralisado monólogo
das bocas que se procuram
percorridos por nenhum trilho
Uma performance – Doechii no Tiny Desk Concert (aqui). Um filme simpático –
Daaaaaali!, Quentin Dupieux. Um filme sádico – o primeiro Speak no Evil,
Christ...
Um comentário:
As duas pontas de um túnel...
Esse beijo jamais acontecerá.
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