a primeira vez que berenice viu um corvo pousado num fio de eletricidade
um corvo quebrava o ritmo daquela linha
era a vírgula mal pousada no fim de tarde da vista da nossa amiga,
que sentou num tronco cortado, cruzou as pernas e se dedicou a contemplar
o desprezo do pássaro balança com o vento, que não a olhava nos olhos
quis de algum jeito uma escada e segurá-lo entre os braços
tirar ele dali, daquele varal a um canto da cidade:
naquele frio e naquele vento parecia ensopado um passarinho
empalhado empilhado numa prateleira
os vôos de pássaro e as palavras de menina
carregam no bolso uma relação que pouca gente descobriu
um precisa do outro pra existir
a palavra voar e o vôo apalavrado lhe pousar no rosto.
Uma exposição – Mira Schendel no Tomie Ohtake. Um livro de poesia –
Acrobata, Alice Sant’Anna (Companhia das Letras, 82 págs.). Um depoimento –
Ed Motta no...
Um comentário:
Corvo vírgula em pauta fio num ponto pausa nessa vida reticente.
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