há tempos eu não ando na rua
pra ver se o asfalto ainda pulsa
como os olhares famintos das pessoas
avidez de movimentos
querem um catavento?
querem ver em que direção o mundo sopra?
porque eu não sei se minha casa sou eu
ou a faixa de pedestres
esqueci a calçada
e ser oblíquo sob um poste
me recolhi à ironia de um casulo
num casulo de discurso teço meu veículo
meu texto recolhido a mim mesmo é
só o que sobrou de comunicação
perdi ritmo,
pois preferi o compasso
a atravessar com o tempo a cada nota
perdi minha rua
me perdi na aldeia labiríntica de reelaborar
o que não entendem
os vendedores ambulantes agora são só meu erro de digitação
sem poesia, por tautologia reduzi
mas ganhei mil dedos mais curtos de digitar prosa.
Uma exposição – Mira Schendel no Tomie Ohtake. Um livro de poesia –
Acrobata, Alice Sant’Anna (Companhia das Letras, 82 págs.). Um depoimento –
Ed Motta no...
2 comentários:
há tempos eu não ando na rua
pra ver se o asfalto ainda pulsa
há tempos os asfalto não anda em mim
pra ver se o pulso ainda pulsa
o asfalto. erro de digitação.
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