as bocas se procuram no escuro de um túnel
incomunicado
as bocas desviam de si e do céu
saída sem contato com a entrada
as bocas de um túnel não encostam
imersas no véu
bre, que palavra nenhuma toca
esperam a língua do trem
as bocas tateiam
recobradas luminárias, a luz no fim
em que começo de beijo e
carícia e conversa reatada
as bocas que um túnel recém dá à luz
e um brisa - como um grito - que atravessa
as bocas-de-lobo do esgoto
e uma brisa - como um susto que atravessa - como um rosto -
(ruído ao fundo de trem de carga passando ao largo
ruído mal formado de voz descarrilando)
espelho paralisado monólogo
das bocas que se procuram
percorridos por nenhum trilho
Um ensaio – Elogio da Mão, Henri Focillon (Ed 34, 92 págs.). Um livro de
poesia – Sílex, Eliane Marques (Círculo de Poemas, 72 págs.). Uma conversa
– Ben M...

Um comentário:
As duas pontas de um túnel...
Esse beijo jamais acontecerá.
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