segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Cidade Imaginária

Tremulam hasteadas bandeiras
De por onde
Passaram vários passos perdidos
Que se encontram
Aqui

Os prédios são novos
cheiros de carpete
Que ardem nos pulmões
-também novos-
Dos habitantes

Barracas de aço de dois por dois metros
Com catre e buraco
No chão

O ruído ao longe é de hélices
De moinhos e pás nos rios
Afugentou todos os pássaros

Árvores, esparsas, com folhas alternam com
Postes e árvores de plástico e crepom
Estofando um horizonte dito mítico por uns
Insosso por outros e até mesmo
Sangrento alguns

Postes sem fiação aparente
E calçadas limpas de fezes de cachorros
e de mendigos

As garagens são basculantes parindo
seus vermes - esteiras a rolar
Infinito afora

Exilou-se o pássaro eventual
A larva, a mosca, o elefante
E o útero
Em prol dos relógios,
Mais pontuais, corretos e cordiais com as pessoas

O próximo passo será implantar
Estes relógios no lugar
Dos pulsos dos jovens habitantes

A tentativa relativamente bem-sucedida
De trocar por um deles
Um cerebelo
Alenta os  pesquisadores
Desacredita os críticos

Não, não há naves flutuantes
Carros tampouco
As ruas estão vazias
E nem o vento se ouve

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