Ele se apaixonara por ela na primeira vez em que a vira fazer um movimento no ar para ativar o sensor de movimento que acendia as luzes do corredor.
Ela nunca se apaixonara, mas se excitava quando ele sussurava Proust em seu ouvido.
Como se por ondas a afeição alternasse entre um e outro, sobreviviam agarrados à tábua de palavras francesas que os ajudava a flutuar apenas. Estavam à deriva e não se amedrontavam, porque haviam escolhido. Não buscariam salvação nem por palavras, nem por atos, sentimentos ou pensamentos. Não queriam salvar-se nem por si mesmos, pois fazê-lo diluiria justamente o que os juntara. Ele sempre gostava de sussurar-lhe um clichê que ela achava ridículo demais e fazia questão de demonstrá-lo com seu ar blasé e seu sorriso desconfiado e ao mesmo tempo condescendente: Perdidos haviam se encontrado.
Um livro – Adeus a Berlim, Christopher Isherwood (Companhia das Letras, 248
págs.). Uma montagem – Deserto, Luiz Fernando Reis. Um filme duro – Abril,
Dea ...
Um comentário:
Já falei, mas falo de novo, é mesmo genial esse
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