quinta-feira, 4 de março de 2010

Gente preta apertada
no útero de um vagão
de trem vai
relógio no pulso
chibata nas costas

gente aprisionada
preta
preta a pressa
preto o chão dos trilhos
ensangüentam engrenagens
sangue preto é carvão

passa o trem de hora em hora
dar de comer aos fornos
as vísceras que o tempo deixou
os restos das pessoas presas
abortadas por segundos
por centésimos de milésimos
perderam o caminho do trabalho
erraram o ponto do trem
o ponto da hora atrasou

Nenhum comentário: