quinta-feira, 4 de março de 2010

black is weird
Hunter S. Thompson

negro na água
negro no céu
dedos estáticos
portas escancaram ao sabor da maré de gente
janelas emudeceram
o velho kafkiano foi embora
madeira crepita
vento diapasão fustiga
não/absorta/se atreve a dizer
sonhou
acordou veio à tona
súbita
no silêncio de olhos arregalados
levita

negra a água tinge
pane elétrica
negro o céu
quarto asfixiado
sem janelas
negro hálito de deus
moribunda escultura
à beira da estrada

braços abertos
olhos recusam
a boca recusa
recuam

negro sim no precipício de concreto armado
nega o fim porque fim
por que não? amargo
estatelada no asfalto

Nenhum comentário: