terça-feira, 9 de março de 2010

uma voz transparente
golpe volumoso desferido no escuro
em que só ouço máquinas de escrever

já estava lá
ontem entre folhagens e o céu
vertical:a linha dos olhos à altura do horizonte

cigarra à espera
pássaros nos ombros
quando começa uma palavra
pneus no asfalto murmuram

portas duplas a guardam da chuva
a porta de si para outros
e a jaqueta meio velha
de observadora de pássaros

lágrima e insetos rolam por seu rosto impassível
não é estátua gárgula carranca
de noiva abandonada no altar
uma voz que é um teto de estrelas na multidão

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