Meu peito nasceu nublado
num jardim de navalhas
o sol enferrujado se esconde
olhos de estátua grega
gestos de arame farpado me arrastando por um labirinto de veias e artérias sem saída
com este fio cor-de-carne que alguém amarrou na entrada
porque não quer se perder em/de mim
minha metade meio-vazia meio-cheia
cheirando a um ranço de luar que nem
andar por aí e tentar arranjar um emprego conseguiu extinguir
meu tórax é um pomar de lâminas
regado de fluoxetinas
ali o mármore de um braço
metal retorcido de um queixo esperando algo vir do horizonte
meu nariz de barro caiu de podre
espatifado no chão a um canto perto da fonte
eros barbudo com ninfas
dança circular/ ali o riacho/ aqui as raízes dos meus dedos
contaminando
dança circular pisoteando a grama recém cortada
não dá pra dormir com o barulho de pés encima do meu teto
fazem tudo em qualquer lugar
o espelho não me reconheceu
vi alguém parecido comigo sussurar algo ao seu ouvido
não podia ser eu, você sorriu.
Como cansa gostar de Morrissey. De tempos em tempos preciso lembrar que ele
continua sendo um gênio – justamente até 1987, quando sua banda se separou.
Tam...

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