Vidros velozes refletem meu vazio na multidão. Estes meus olhos refletem as pessoas sem rumo. Entre manter e mudar fico com a primeira, enquanto a segunda me contamina. Docemente encima do muro, o essencial me cega, não me permite agir, me escapa.
Incomoda todo mundo decidir por si mesmo, apesar de saberem que espero contato.
Quero entrar nessa boca enorme que me enfrenta. Seus ruídos me atraem. Uma freada uma música qualquer, uma cor. Vertigem no centro do vazio planejado. Cidade plano, cidade plana. Usamos nossas asas para correr nos espaços abertos. É como se os prédios também tivessem uma esperança. Em meio ao turbilhão as coisas perdemos o contorno. O que me tornei? Apegada a um enquadramento, tão a deriva quanto eles, que me estendam uma mão por cima dessa barreira é questão de sorte.
Um silêncio me veste. Não consigo tocar quase nada por aqui porque rodopio. O céu afasta meu corpo deste planalto. Se a utopia ruiu, é hora de restaurar meu peito ou as calçadas? Não sei, mudei de mim e a cidade nem é mais a mesma. Apagamos os esboços.
Preciso perder um pouco da vontade de situações. Viver é respirar sem culpa. Tropeço com gente, as cores em meus olhos vão na frente colorindo o resto. Ou o mundo está fora de foco ou sou eu com meus devaneios.
Um comentário:
Clarice, por aí.
Tem razão, lirismo cansa. Seu cansaço foi genial
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