é estranho isso de insetos percorrendo o corpo
tudo dói, as costas, as juntas, a cabeça
no meio de não me reconhecer em mim mesmo
porque somos nós em amarras
mas a sensação de formiguinhas
minúsculas usar minha pele para traçar rotas
pontilhadas é insistente
perigosa como cócegas
vou pedir para elas desenharem uma ponte
e gôndolas para te navegar
se meu corpo é um continente
os braços são uma península e os dedos ilhas
um continente rodeado por arquipélagos portanto
o seu são os rios, chegando perto
no caminho contrário ao do mar
meus toques náufragos no seu rosto
querem se lançar a flutuar no sorriso que você tem
quando são eles, quais crusóes,
as formiguinhas pelo teu corpo.
Uma exposição – Mira Schendel no Tomie Ohtake. Um livro de poesia –
Acrobata, Alice Sant’Anna (Companhia das Letras, 82 págs.). Um depoimento –
Ed Motta no...
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