Hoje as pessoas quiseram ser casuais
não se engajar muito em coisas simultâneas
fluir e sorrir pelas ruas/ sem rugas: só bom dia
flanar e sentar com desconhecidos no café da moda
um chocolate da caixa e um obrigado,
com gelo e açúcar, por favor
tentar espontâneas não agradar de propósito
mas nunca contrariar, pedir com jeitinho, concordar, agradecer a deus,
se desculpar cordial,
falar baixo para não incomodar, mas num tom bom
para não ofender
sussurros para fazer rir sem vociferar
e não abrir umas feridas
todo mundo decidiu ser mais casual
porque planos porque conseqüências
porque rosas fugidias entregues no portão
são mais preocupantes que sair correndo
e trombar ao acaso tropeçando
no sapato reluzente
sob um sorriso escancarado e um vestido acabado de passar
e suco numa bandeja e quer-que-eu-ligue-o-ventilador-?
o eu-lírico tentar estancar o vazamento
na sua veia poética, mas só conseguiu
manchar o sofá.
Uma exposição – Mira Schendel no Tomie Ohtake. Um livro de poesia –
Acrobata, Alice Sant’Anna (Companhia das Letras, 82 págs.). Um depoimento –
Ed Motta no...
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