quinta-feira, 22 de abril de 2010

Eu procurava tornar-me tu porque tu ias morrer 
Sophia de Mello Breyner Andresen

yo buscaba hacerme otro
de buñuel a cervantes
a ser como un espejo que miente
con la forma del água
que mató narciso reflejar
el poema que me mata
palabras afiladas por la lengua
retorcida de aquella lengua
del otro que fui
de que me disfrazé mientras
andaba porque sabía
iba a ser yo la mentira en cuanto
ojos mantenidos en el espejo
para que no caigan y lo 
tenga que sustituir por vidrios
robados a los edifícios de la ciudad

el que vendré cuando me muera
es eso
trozos de ciudad y
trozos de otros con los que cambio
mi memoria y mi rostro.

* queria tornar-me outro
de buñuel a cervantes
a ser como um espelho que mente
com a forma da água
que matou narciso refletir
o poema que me mata
palavras afiadas pela língua
retorcida daquela língua
do outro que fui
de que me disfarcei enquanto 
andava porque sabia
a mentira seria eu em quanto
olhos mantidos no espelho
para que não caiam e eu
os tenha de substituir por vidros 
roubados dos prédios da cidade


o que virei quando morrer
é isso
pedaços de cidade e
pedaços de outros com os que troco
de memória e de rosto.

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