sexta-feira, 30 de abril de 2010

corpos costurados de outros modos
os sem-alguma-coisa
joão sem braço
mula sem cabeça
diversidade involuntária
densidade que não quero
pois
afundamos nos membros desperdiçados
no meio do lixo hospitalar

palavras amputadas
são
f
o
l
h
a
s
caindo de um outono

agenciamento do corpo pela medicina
o Com alguma coisa
forjar
voz mecânica e peito de metal
olho de vidro e silicone

não entre por aquela porta não abra o livro
se concorda com
que vendam meus dedos
que vendam meus versos
e me paguem uma pensão de herói mutilado pela guerra

linha e agulha e prótese
são um apólogo
sobre a cama no quarto branco

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