quarta-feira, 28 de abril de 2010

um homem numa cama observo
o amanhecer iminente
a lua clara atrás do céu nublado
os barulhos que são meus

poucas coisas são minhas mesmo
e o que é eu não pedi

ele escrever cada dia melhor
eu escrever cada dia menos
o que é meu
o que é outro

porque aqui deitado
posso tocar poucas coisas
o resto é vida de pessoas
lá fora

é um mundo
e eu não gosto dessa palavra

um sussurro que ouço do vento
é de quem?

a gota na torneira mal-fechada
a palmeira numa ilha deserta
é propriedade? não
madrugada em mim

o sol nascer é tão meu
quanto puder partilhar com o poema

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