quinta-feira, 27 de maio de 2010

calei uns versos flamejantes no caminho
esperei na estação deserta de taxis
e vim andando sem vender uma linha
uma xérox, um aviãozinho, um tsuru, nada
porque só trago poemas inúteis
umas rimas que qualquer um podia encontrar
expiro fumaças lascivas de te escrever

não sou eu que vou reter as palavras que são
e as que não são/ as que são nossas a cama lembra
guardou sob o lençol
as que são dos que fui o papel cuspiu fora
lá fora só são caroço de melancia intermitendo o chão estrelado

os passos ecoam na beira da estrada
à margem as margens delineiam máscaras
esbofeteadas de palavras que se rebelaram do cativeiro
escorreram da boca e não foram bem recebidas

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