um castelo na praia com torres alfinetando o horizonte
furando o sol como a um balão que perderá a trajetória
malemolente bexiga amarela vagando de trajetória esvaziada
um castelo na praia com poços drenando o oceano
abrigando monstros abissais e rugidos antediluvianos
e nós dois numa jangada lançando redes
um castelo na praia com donzelas acenando lenços nas janelas
cavaleiros em seus cavalos sob juramentos
em justas arranjadas pra impressionar a corte
um castelo na praia com jardins de conchas germinando
a colheita do orvalho em seus cabelos logo pela manhã
assim que soar a trombeta e desfizerem as camas
um castelo holofote na praia
que a quem contemplar por mais de quinze minutos cega
em ritmos de maré que não previmos
o corpo se deita sob o castelo
amolda suas vontades e em imensidão de grãos atrozes
legendando a figura
escreveram com o dedo na areia, na frente de um castelo na praia
não perturbe o rei destas terras marítimas
o bobo da corte é o carrasco o juiz e o cego
“Tudo é cômico”, diz Thomas Bernhard numa entrevista de 1976, na qual é
perguntado se há diferença entre o tom das peças que escrevia e o tom de
suas respe...
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