sábado, 1 de maio de 2010

Poema calafrio na espinha.


cascata de pixels, olhar inchado
dor de pupilas dilatas
não é a ressaca na quinta feira
ou bloqueio de escritor
blitz, paralisia dos nervos

olheiras depõem
incriminam
sobrancelhas arqueadas
depõem
olheiras incriminam

e assim vai sempre

pinçar a biografia na massa de eventos
escolher um ou dois
radiografia boigrafia lomografia versorragia

o que ainda puder ser escrito
mesmo com sono vale

tudo acaba em letra
em dor e angústia
preferir falar da dor,
dos pássaros nos fios de alta tensão
que formam meu sistema circulatório
sempre preferiram

a falar que doer
seja amor seja horror
não é resumo de poesia

nem música futebol cerveja
é obra completa de biografia

o que viver e aonde ir
e escrever ao invés de sorrir
é escolha de uns, ser condição

joelho infiltrado, ronco no pulmão
juntas, pele e sexo
nunca resumo
nunca atraso

porque poema e dor
e corpo e vida sob um céu qualquer
e cigarro e comunismo
e lua e poste e mosca
e cidades e ruínas de beijos
e vênus de milo e pés e maçãs
nada disso

isso aqui é um verso
e não um toque de celular

Nenhum comentário: