uma coca-cola e um cigarro
pra sentar no pilotis
e esquecer tudo na superfície
em que sou pó de mim mesmo
e pó dos meus versos
me afundar na contra-mão de pensar
habitar na contra-mão de sentir
aquele cara passando lá longe
apressado com a mochila
ele, tenho certeza, sabe, nem tentou
e já é melhor que eu que falhei
só vejo que na grama em que ele pisa
meus rastros apago
meus dedos, meu rosto
são material de demolição
Uma exposição – Mira Schendel no Tomie Ohtake. Um livro de poesia –
Acrobata, Alice Sant’Anna (Companhia das Letras, 82 págs.). Um depoimento –
Ed Motta no...
2 comentários:
As vezes, a gente tem que desmontar tudo para recontruir algo maior e melhor. Ninguém nasce pedreiro de si mesmo, a gente vai montando tudo isso. E prá isso, ainda seremos muito pó de nós mesmos.
hey, te amo =*
"aquele cara passando lá longe
apressado com a mochila
ele, tenho certeza, sabe, nem tentou
e já é melhor que eu que falhei
só vejo que na grama em que ele pisa
meus rastros apago
meus dedos, meu rosto
são material de demolição"
Eu me sinto assim todos os dias, mas não resisto à tentação de continuar tentando, mesmo sabendo que irei falhar.
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