terça-feira, 17 de novembro de 2009

Há um poema em cada gota de sangue que derramo

Fria seca que me arranha quando me aproximo
A luz goteja dos poros da presença e tomba
Verde
a meus pés
Corrompi o verso e entortei
A rima
Quando me deixam passar retribuo
com um sorriso amarelo e saboroso
Para mim pelo menos
Unhas que me arranhavam por dentro desistiram
Há muito interromperam a marcha
Vermelhas esbravejaram transpirando
transbordo de felicidade
E interromperam a marcha
lúgubre cinzenta com trombetas ao fundo
Todos o relinchos ressoam e
Com bramidos afugentam o que restou de mim
Estátua corcunda de por aí tombada
Manequim vencido
No qual moldo mais nada
E que com olhos tristes me fita e consome
Gosto da língua do sonho de si
Cujo gosto consumo por inteiro almejado
Gosto das pálpebras cobertas por uma camada espessa
de cobertura negra ao redor
O rosto radiante porque claro e frio
Quase distante demais, mas mais que a lua
Porque a esta toco sempre e àquele afago nunca
As mãos longas perifrásticas do corpo
Da palavra quando não escrita
E quando escrita, para mim
ou não, exulto
Ou não, reajo enfim
Quero tudo o que não tenho como as mãos que não são minhas
E o sorriso a que almejo
Aquele que transborda recusa em cada ato
Premente de aceitação como os cavalos loucos
de nietzche são que
Corre(m) sem saber porquê
Mal-traduzir o que há dentro é versejar
Porque não-traduzi-lo é versificar
E uma anti-ode qualquer destas esquinas soltas e inexistentes
Vale mais que a epopéia sonhada
Dos meus dias aflorando mal-traduzidos,
Más traduções, mas traduzidos
Assim de estalo quando vejo-lhe os dentes
Ou a boca semi-cerrada contraída quase contra-feita
Ao redor dos quais orbito
em não-rota de colisão e sem perda,
com ganho na verdade, de energia
E de vontade escritora
Não sei se agradeço, pois isso me constrange,
Ou se saio correndo sem olhar para trás

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