quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Maçãs carameladas

Caí de pelo menos vinte metros de altura e ainda não aterrissei. A culpa é de quem deixou a porta aberta sem aviso e remorsos; uma geleira não se aproxima porque está parada desenhando a linha do horizonte com a boca aberta esperando -e como não entregou antes se o prazo estava fixado há três semanas?- A velocidade está estável e embora bem rápido, consigo ver cada janela e dentro, A secretária mordendo o lápis, A pizza fria com queijo endurecido, Os suspensórios que registro mal porque o dono está de costas, O tapa e o beijo, O cigarro cuja bituca me atinge o olho, A barba por fazer sendo feita e farpas de gelo se incrustam na minha pele mal-iluminada seca em perene queda - e por que não entregou antes se o prazo estivera fixado até então?- E começo a ter fome porque será que um comedor compulsivo continua comendo se não há perspectiva de satisfação? A fome é perpétua como o sono, pois a não previsão de saciar leva ao consumo reiterado de ambos. Já vi essa secretária, mas agora ela está de suspensórios comendo a pizza, mão me admira ser tão gorda e seu olhar lascivo me assustar e me fazer querer acabar com tudo, não entreguei e caí, o que é o que tenho por enquanto.

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