terça-feira, 10 de novembro de 2009

Saudação a gladiadores

Escrevo em pé esta poesia concebida olhando em teus olhos
Olhando meio de lado, um pouco inapropriado
Jeito de gerar versos
Se é que há um apropriado
Verso extraído de por entre as dobras ínfimas
de um sorriso contraído a que almejo, e se
contra-feito contradiz o que digo
Sobre poesia ou qualquer outra coisa
Verso sentado no que construímos e que
Acena para ser escrito em breve
Em meio a tormentas, tufões
de aturdimento dentro dos quais
Exulto por ignorar um rumo
tufões de não saber lidar com o que veio
Com o que vem e com o que me depara
O agora em que ajo ou não
Ao sabor do que espontaneamente traçamos

Escrevo em pé para que não fuja a inspiração
Para amarrar cada momento em mim
Fugaz porque de um momento fugaz
Prendo a respiração para lembrar
De, quando esquecer, escrever
Everlasting daze from a glimpse
Seguro firme por ter me marcado
E lançado minha poesia a um vértice
digno de Pound
Que me abstenho de julgar vicioso ou virtuoso
Ou digno sequer de nota
(like that)
Everlasting bewilderment from a mocking
(non-seductive, non-calm affection)
Smile
Indelével como uma queimadura antiga
Espero que incurável.

Trago aos poucos infatigável
Uma fumaça renovada
Que sei que é antiga sem nunca ter provado
Sei também que cada poetastro destas esquinas nulas
Já provou e gostou dos influxos
E por isso se denominava
Mas a minha é diferente porque
Não sei nomear e não sei qual é o gosto
Meu reino por mãos que apontam meus defeitos
Meu sangue por apontá-los sem mais em uma pessoa
Atirá-los e rabiscá-los
Com medo de errar e deitar a perder
O rascunho daquilo que mais me motiva.

Um comentário:

Katrina disse...

Acho que sempre escrevemos o rascunho da maior obra que ainda há de existir. Talvez o Borges deva saber, vive na biblioteca de Babel.
Aliás, melhor escrever em pé do que deitado, pode pegar no sono e perder o fio da meada para os sonhos.