Alguma coisa mudou e não foram as cercas
Que se deterioraram
Nem os pássaros que se apropriaram do abandono
Do que fui
Tolo seria imaginar que a esta revoada pernóstica
Condescendente retinindo em ecos de mim
Juntou-se uma assembléia de objetos-testemunha
(sobrancelhas franzidas
escovas de dente
papéis amarelados por exposição prolongada a lirismo
sarcasmos de toda safra
abraços
ingressos e notas fiscais
sorriso eventual &
cigarro corriqueiro)
Para assistir ruína e renascimento
Ereção dos disjuntores do que sou
Sem substituir sem cair ou levantar a chave-geral
Evito fricção entre o então e o agora porque
Já sabendo que existe um atrito entre eles que vem
Vai sem mais e faz o retorno
Entre placas de sinalização em algum lugar que desconheço ainda
Prefiro iludir a estática aceitando o que os dois
Me oferecerem
Evito querer recair na tentação de pensar
Nas cordas, finas como fios, que me atam a tudo
Um tipo de panteísmo ateu me diz para negá-las
E mesmo
Saber que estão ali indiscerníveis é não poder me desvencilhar
É um tipo de armadilha a que qualquer um
Está sujeito, isto de ligações
Perenes ou não, indissolúveis
Amarram o que fui e o que sou
Num todo pouco conciso nada uno
Ao que quero e ao que posso e serei em breve
Uma exposição – Thomas Farkas no IMS. Um disco – Lives Outgrown, Beth
Gibbons. Um livro de poemas – Blue Dream, Sabrinna Alento Mourão (Círculo
de Poemas, ...
3 comentários:
Eu já disse que você é o melhor poeta com menos de 20 anos morador de Brasília que existe?
Away, primeira parte do poema doeu tanto em mim, há. Mas como eu devo ser masoquista, vou ler de novo
Lindo demais.
eu nao sei pq, mas isso me lembrou d qnd eu escrevia cotidianamente no meu diário, eu era mais reflexiva...
agora eu deixo isso pros outros...
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