um jeito que ninguém usa mais
em que o chapéu torto e o cigarro
no canto da boca
não são sinal de irreverência
nem a jaqueta puída e a calça gasta
com o bloco de notas sempre
em mãos de ornitólogo insincero
manequim de magritte que vê o ovo
e pinta-o já gestado
com asas para desenhar a outros
tipos de ciclo no meu bloco
acende-me a estrela da manhã
que a sua janela escura me impede
de ver teu rosto
colhe a luz entre os teus dedos longos
aprisiona-a num movimento de sufocar pássaro
e prender cigarra
acende-me a estrela da manhã
porque aprendi de um jeito a jogar
pedrinhas te acertando
até que você acorde
sem querer saber que horas são
colhe a luz para que o brilho em teu rosto
resida
acomode-se
e sempre se saiba que dali não escapas
o rosto é uma mão que afaga e repele
com unhas mais afiadas que as de costume
aprisiona pois o que ainda não cativo
jaz estirado a um sol que não o teu
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