Cada angústia é gaiola de um pássaro no peito
zune e se debate
anseia, mas insatisfeito
assiste impassível
ao desfecho que não controla
Pássaro acorrentado ao que já
foi
de asas cortadas
e sorrisos perdidos
rememora papéis
registros escondidos de
cumplicidade não almejada mas atingida
Pássaro ferido de asas abertas esperando
sedento observa
como a comida vem muito aos poucos
naquelas gaiolas que não são prisão em miniatura
e sim o lugar que buscara
a clausura divertia um pouco
até porque dava a impressão
de que poderia sair
Cada cigarro é uma chave falsa
que abre a porta da angústia justo o tempo suficiente
para o pássaro achar que se livrou
cada poste que se apaga,
centelha que morre na rua instável fumacenta
é uma esperança a mais para quem
vê apenas os reflexos da lua
cada máscara desta cela já conheço
de já ter voado ao redor como mosca
atrás da saída
Um livro – Adeus a Berlim, Christopher Isherwood (Companhia das Letras, 248
págs.). Uma montagem – Deserto, Luiz Fernando Reis. Um filme duro – Abril,
Dea ...
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