sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Argumento ornitológico II

Não tenho escrito sem antes observar os pássaros, a aleatoriedade deles é arbitrária como a minha presença diante do papel e da caneta. Eles são e sabem que são, sem perguntar sem pedir a alguém que o autorizem, sem pedir a si mesmos sequer. Uma escrita na corda bamba dos galhos ao som do vento, tudo ali é perigo e eles inconscientes, eles apenas fazendo. Ignorância é uma benção diz o filme, melhor ainda é a ignorância que me deixa fazer o que quero sem parar e pensar, sem deixar de agir. Da minha caneta saem sabiás, dos meus dedos rouxinóis, beijo minhas frases como quem quer a revolução das guilhotinas em flor e não como quem quer comer, alimentar os filhos e sucesso no anonimato. Respiro o pólen e meu espirro, minha alergia é tudo o que sinto e o que sinto é o que observo e que está no bloco de anotação. Caderneta de desenhos.

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