quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Poema sussurrado pela brisa

Nada melhor que eu agora
porque vim de um mundo imprevisível
desembarquei aturdido
vi um sol num céu que não é meu
vi um rosto num sorriso alheio
vi a sombra de um gesto antigo
projetada por outras mãos
e me ensinaram a escrever
prometendo que fazê-lo é driblar o estranhamento

mentiram: escrever é o estranhamento
nada é meu
nada é seu

o mundo é um recém-nascido que nos contempla
e não o contrário
nunca o inverso das palavras
esteve tão próximo
do primeiro sentido dos sentidos.

o que ninguém disse
ou sentiu
é só o que toco
o que meus dedos imprimem
em nós palpitando de anseios na noite clara
escrevendo nós
de momentos e murmúrios
para um e outro
não por um e outro, mas
na raiz frondosa permanecendo

Um comentário:

Plas disse...

Muito bom! <-- I surprise myself with how creative I am sometimes.