Nada melhor que eu agora
porque vim de um mundo imprevisível
desembarquei aturdido
vi um sol num céu que não é meu
vi um rosto num sorriso alheio
vi a sombra de um gesto antigo
projetada por outras mãos
e me ensinaram a escrever
prometendo que fazê-lo é driblar o estranhamento
mentiram: escrever é o estranhamento
nada é meu
nada é seu
o mundo é um recém-nascido que nos contempla
e não o contrário
nunca o inverso das palavras
esteve tão próximo
do primeiro sentido dos sentidos.
o que ninguém disse
ou sentiu
é só o que toco
o que meus dedos imprimem
em nós palpitando de anseios na noite clara
escrevendo nós
de momentos e murmúrios
para um e outro
não por um e outro, mas
na raiz frondosa permanecendo
Uma exposição – Mira Schendel no Tomie Ohtake. Um livro de poesia –
Acrobata, Alice Sant’Anna (Companhia das Letras, 82 págs.). Um depoimento –
Ed Motta no...
Um comentário:
Muito bom! <-- I surprise myself with how creative I am sometimes.
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