os dias em que não te atinjo
são os dias em que mais apanho
caminhos despedaçados
e portas nas entrelinhas
por onde seguir
se o lugar aonde quero ir
é o único que você me impede
sua boca é a lua que se afastou
por quê?
minhas palavras não criam círculos concêntricos
em nossa superfície
seus gestos podem encostar em nada
a conversa aqui é a pálpebra
do ar que não enxerga a si mesma
um cheiro de manhã inconclusa perturba
você tirando fotos do sono
da gripe
do horário torto
da ligação
do ron ron
se irritando quando perguntei
a utilidade da câmera
nunca te beijei
nunca segurei sua mão
nunca acariciei seu rosto ou afaguei seus cabelos
desconheço o porquê da confiança que tenho
Uma exposição – Mira Schendel no Tomie Ohtake. Um livro de poesia –
Acrobata, Alice Sant’Anna (Companhia das Letras, 82 págs.). Um depoimento –
Ed Motta no...
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