sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Poesia crônica

os dias em que não te atinjo
são os dias em que mais apanho
caminhos despedaçados
e portas nas entrelinhas

por onde seguir
se o lugar aonde quero ir
é o único que você me impede

sua boca é a lua que se afastou
por quê?
minhas palavras não criam círculos concêntricos
em nossa superfície
seus gestos podem encostar em nada
a conversa aqui é a pálpebra
do ar que não enxerga a si mesma
um cheiro de manhã inconclusa perturba

você tirando fotos do sono
da gripe
do horário torto
da ligação
do ron ron
se irritando quando perguntei
a utilidade da câmera

nunca te beijei
nunca segurei sua mão
nunca acariciei seu rosto ou afaguei seus cabelos
desconheço o porquê da confiança que tenho

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