sábado, 23 de janeiro de 2010

Prometemos como o nosso céu

A vida não muda
cada engravatado de hoje teve um sonho
como os meus

e se a mulher atolada em dívidas
teve a impressão há trinta anos
de que o mundo não lhe faria mal
ela estava errada

o mundo o mercado as obrigações
se encarregaram de soterrar
cada invencionice dessas cabeças ferventes

e se nem eu mesmo entendo um décimo de minhas aspirações
quem são eles para julgá-las
relegando à gaveta das inviáveis
das que não se concretizam fora da vida hippie

se o mendigo é assim por suas escolhas
não certas
o burocrata também

e se não há luz para além de se deixar
levar, o suicídio não é uma opção
e é muito fácil coagir com dinheiro
renuncio

não aos sonhos, mas da vida em que
os sonho
para viver o que já é plano

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