A vida não muda
cada engravatado de hoje teve um sonho
como os meus
e se a mulher atolada em dívidas
teve a impressão há trinta anos
de que o mundo não lhe faria mal
ela estava errada
o mundo o mercado as obrigações
se encarregaram de soterrar
cada invencionice dessas cabeças ferventes
e se nem eu mesmo entendo um décimo de minhas aspirações
quem são eles para julgá-las
relegando à gaveta das inviáveis
das que não se concretizam fora da vida hippie
se o mendigo é assim por suas escolhas
não certas
o burocrata também
e se não há luz para além de se deixar
levar, o suicídio não é uma opção
e é muito fácil coagir com dinheiro
renuncio
não aos sonhos, mas da vida em que
os sonho
para viver o que já é plano
Uma exposição – Mira Schendel no Tomie Ohtake. Um livro de poesia –
Acrobata, Alice Sant’Anna (Companhia das Letras, 82 págs.). Um depoimento –
Ed Motta no...
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