Uma exposição – Mira Schendel no Tomie Ohtake. Um livro de poesia –
Acrobata, Alice Sant’Anna (Companhia das Letras, 82 págs.). Um depoimento –
Ed Motta no...
quinta-feira, 14 de janeiro de 2010
Cronológio
O dia era bom, pedia que ficasse em casa, recolhida, sem ver ninguém, sem falar com ninguém, ouvindo Portishead, bebendo vinho, talvez assistisse a televisão, talvez deitasse na cama e olhasse o teto. Estava apaixonada, saiu à rua com esperanças e teve a impressão de que as flores desabrochavam ao simples toque de seus dedos. Ao som de pássaros cantando e vento penteando a relva, teve a impressão de que os varredores de rua diziam bom dia e que os barulhos dos carros deixavam aberta a porta para o sussurro das pessoas. Andava tão distraída , satisfeita consigo mesma, que não prestou atenção ao atravessar a rua e foi atropelada por um ônibus. A morte foi atribuída a um fratura no fêmur e várias outras faturas em outros ossos, todas causadas pelo impacto com o veículo. Entre seus pertences, que ficaram espalhados pela rua após deixar a bolsa cair, estava uma edição de O Caso do Vestido, de Drummond. O motorista fugiu do local sem prestar esclarecimentos.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário