Eles nunca se falaram pessoalmente. Mas acharam normal ter o telefone um do outro prevendo alguma eventualidade. Se conheciam pouco, de amigos em comum e conversas talvez breves, mas profundas. Sobre assuntos que ele, presunçoso, achava que nunca ia conversar com mais alguém. Agora sentados em um bar pela primeira vez ela o analisa, ela que à primeira vista parece tão tímida, não deixa passar um detalhe. Ele cortou o cabelo, aquele garçom está olhando pro meu vestido.
Ele está sem-ação, a acha madura, talvez um pouco sensata e se acha incapaz de ir de encontro aos interesses dela. Ela está curiosa, com a impressão de que ele não quer lá grandes coisas daquele encontra, talvez mesmo não a valorize como deve, está insegura.
A cerveja é o ponto de encontro de mentalidades atribuladas pela presença de uma outra. Um fixa aos cigarros, enquanto o outro se agarra aos olhos que parecem se afastar. Talvez não tenha sido uma boa idéia ir ali.
Ela estrala os dedos e isso dá agonia. Se levanta e vai embora assim sem mais.
Uma exposição – Mira Schendel no Tomie Ohtake. Um livro de poesia –
Acrobata, Alice Sant’Anna (Companhia das Letras, 82 págs.). Um depoimento –
Ed Motta no...
Um comentário:
Isso ajudou tanto meu estado emocional hoje...
mas gostei.
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